AS TRÊS FORTUNAS DO LOBO FEROZ
E o início da história é assim…
Rru-rru-rru… Rru-rru-rru…
Assim ressona o lobo.
Fosse de um raio de luz, que se atreveu pela caverna dentro, ou de um fio de aranha, que lhe comichou o nariz, enfim, fosse do que fosse, o lobo feroz acordou, finalmente. Tinha dormido, de seguida, quarenta e oito horas, imaginem! Estava cansado de tanto dormir.
Espreguiçou-se o lobo. Esticou bem a espinha, eriçou os pelos do bigode, rangeu os dentes e trincou em seco, como que a experimentar a rijeza da dentição. Depois, afiou as unhas numa pedra de amolar, deu dois grandes uivos e saiu para o ar livre. Estava um dia lindo, embora um pouco fresco. Então o lobo espirrou:
– Atchim!
Mal refeito ainda do primeiro espirro, outro se seguiu:
– Atchim!
E mais outro:
– Atchim!
O lobo, perfilado à saída do covil, ficou à espera de mais espirros, o que seria sinal de constipação. Não vieram os espirros e o lobo riu-se. Terrível riso o do lobo.
– “Três espirros ao levantar são três fortunas a ganhar”, costumava dizer o meu avô.
Vamos a elas!
E o lobo trotou, montanha a baixo, de focinho no ar, fariscando a sorte! (…)
Assim ressona o lobo.
Fosse de um raio de luz, que se atreveu pela caverna dentro, ou de um fio de aranha, que lhe comichou o nariz, enfim, fosse do que fosse, o lobo feroz acordou, finalmente. Tinha dormido, de seguida, quarenta e oito horas, imaginem! Estava cansado de tanto dormir.
Espreguiçou-se o lobo. Esticou bem a espinha, eriçou os pelos do bigode, rangeu os dentes e trincou em seco, como que a experimentar a rijeza da dentição. Depois, afiou as unhas numa pedra de amolar, deu dois grandes uivos e saiu para o ar livre. Estava um dia lindo, embora um pouco fresco. Então o lobo espirrou:
– Atchim!
Mal refeito ainda do primeiro espirro, outro se seguiu:
– Atchim!
E mais outro:
– Atchim!
O lobo, perfilado à saída do covil, ficou à espera de mais espirros, o que seria sinal de constipação. Não vieram os espirros e o lobo riu-se. Terrível riso o do lobo.
– “Três espirros ao levantar são três fortunas a ganhar”, costumava dizer o meu avô.
Vamos a elas!
E o lobo trotou, montanha a baixo, de focinho no ar, fariscando a sorte! (…)
Histórias Tradicionais portuguesas, AntónioTorrado
Se quiseres ler mais:
QUARENTA E DOIS MAIS VINTE E UM E OUTRAS HISTÓRIAS
de António Torrado
Ilustração: Maria João Lopes
edição: Edições Asa, fevereiro de 2020 ‧
isbn: 9789892347493
SINOPSE
Conjunto de cinco histórias pertencentes à tradição oral portuguesa e recontadas por António Torrado.
Histórias incluídas neste livro:
– Quarenta e Dois Mais Vinte e Um
– Quatro Ovos Quanto Custam?
– As Três Fortunas do Lobo Feroz
– Sabino Fez-se Leve
– Pedro Malasartes
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